Violência contra a criança aumenta no ambiente familiar

No dia 20 de novembro é comemorado o dia da proclamação dos direitos da criança, data adotada pela Organização das Nações Unidas em 1959. Mas, apesar disso, não há muito o que comemorar, pois a violência contra menores cresce no Brasil, principalmente, no que se refere à exploração sexual e ao abuso sexual intrafamiliar.

De acordo com dados do Ministério da Justiça, somente nos últimos oito anos, foram registrados 16.802 casos de abuso sexual contra crianças.
Além disso, 80% das crianças que sofreram algum tipo de abuso sexual são do sexo feminino e a metade dos estupros ocorridos são incestuosos, sendo 75% entre pais e filhas e bastante frequente também entre o padrasto e a enteada. Já 12% envolve tios, primos e outros parentes; 38% são amigos, vizinhos e estranhos.

Por meio da avaliação de Gabriella Farrarese, membro integrante do Laboratório de Práticas Sociais Integradas em Psicanálise, Saúde e Sociedade (LAPSI-UVA), apesar de os dados serem alarmantes, muitos casos não são registrados devido ao medo. “As denúncias têm aumentado, pois cresce a conscientização dos danos psíquicos ocasionados por esta violência”, afirma.

Por outro lado, Gabriella analisa que há também temor pelo fato da criança, na maioria dos casos, ser a única testemunha deste crime, por isso, muitas vezes, fica difícil provar juridicamente a violência sofrida. “Isso é um problema de saúde pública, além de uma grave violação dos direitos humanos das crianças e adolescentes”, declara.

Um dos motivos para que ocorra pedofilia é a baixa escolaridade dos brasileiros, mas Gabriela vai além e explica que a perversão é própria do ser humano e não depende de classe social ou intelectual. “A maior dificuldade é quando o abuso acontece na própria família, pois, nela, o assunto pode gerar consequências irreversíveis em sua estrutura”, relata.

Alguns projetos de capacitação de profissionais das áreas de educação, saúde e justiça foram desenvolvidos para que a proteção dos menores seja mais efetiva. Porém, na opinião de Gabriella, é necessária uma capacitação contínua que possibilite um tratamento psicanalítico, para que a criança compreenda a situação passada por ela e que a destruição afetiva em forma de violência sexual é um crime.

http://www.uva.br/veigaonline/2011/11/materia-especial/violencia-co...

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