Meu depoimento de vida, já não aguentava mais,precisava desabafar

Primeiramente queria pedir desculpas pelo meu nome no site ser fictício, não quero me expor, segundo porque preciso desabafar com alguém. Interessante ressaltar que somente por ser mais comum acontecer com meninas também acontece com meninos. A história é bem mais abrangente que isso mas vou me ater prioritariamente aos abusos.Hoje sou casado tenho 31 anos, moro em Aracaju-SE, pai de gêmeos de 4 anos e com um filho adotivo de 13 que passou por problemas parecidos. 

Aconteceu comigo ao longo de 4 anos, logo depois da minha mãe ter ido embora, pois meu pai mudou totalmente. Era uma família de 7 filhos(3 homens e 4 mulheres) eu era o mais novo, tudo bem normal com minha mãe sempre em casa cuidando de tudo, meu pai trabalhador mas nem sempre atencioso, chegava em casa ia comer, depois assistia um pouco e tirava seus cochilos. Minha mãe só exigia de nós que estudássemos e ajudássemos em casa. Eu sempre fui o orgulho dela por ser uma criança mais inteligente que o normal, sempre percebia as coisas e inclusive meus professores sempre sugeriam provas de nivelamento para que eu pudesse me adiantar nas séries mas eu nunca queria pois ficaria longe dos meus amigos. Chegou uma época que meus pais começaram a brigar, num determinado dia dia ouvi meu pai dizer que ela era "puta" e que tava traindo ele. Mesmo pequeno eu pensava "como que pode uma pessoa que mal sai de casa, nunca sozinha, trair assim?", não tinha a menor chance disso estar acontecendo. Um determinado dia pela manhã acordei e o café não estava pronto, achei muito estranho pois minha mãe nunca saiu sem antes preparar. Caminhei pela casa toda pensando, quando entrei no quarto dela vi tudo bagunçado. Fui até o trabalho do meu pai e perguntei o que estava acontecendo, a única coisa que ele fez foi brigar porque eu não tinha ido à escola. Chegou a noite e ela não chegava, estava aflito, fui dormir com a imagem das brigas na minha cabeça. Depois de uns dias meu pai disse que ela tinha ido a São Paulo para trabalhar e não voltaria agora. Logo mais um tempo meu pai começa a chegar bêbado em casa e como se não bastasse, também violento. Nos batia com qualquer coisa que via pela frente e sem nenhum motivo ou ele mesmo criava e também; nos obrigou a sair da escola também pra poder trabalhar. Eu não aceitava isso e consequentemente era o que mais apanhava: não queria deixar a escola, era a única forma que eu tinha de deixar minha mãe feliz. Isso acabou se tornando rotina, e minhas notas foram baixando, chegava na escola cheio de marcas. Um dia cheguei da escola e meu pai estava sozinho em casa, começou a me bater porque não deveria ter ido a escola, depois que tinha me dado a surra ele pegou na minha nuca empurrou no sofá, abaixou meu short e minha cueca e começou a dizer várias coisas que aconteceriam caso eu desobedecesse, mas enquanto ele falava, a ripa que tinha usado para me bater estava encostada no meu ânus. Continuei indo a escola, e outro dia cheguei e vi ele batendo nas minhas irmãs devido à quantidade de sal na comida, entrei no meio no intuito de defendê-las mas aí ele me levou pro quarto, trancou, abaixou minhas calças e começou a me bater nas nádegas com uma ripa, amarrou minhas mãos e pescoço num gancho de rede que tinha na parede e apertou meus testículos e pênis usando a própria mão dizendo pra eu não me meter. No outro dia minha irmã me desamarrou e quando vi o quanto estava marcada senti tanto ódio dele que desejava ao máximo que morresse. Essa vida continuava e meus irmãos já tinham definitivamente saído da escola para trabalhar, minhas irmãs cuidavam da casa e pela noite iam a escola. Chegou uma época também que a minha casa ficava cheia daqueles "homens" nojentos que cuspiam por toda parte, fumavam e bebiam. Faziam do local uma porcaria e minhas irmãs que tinham que arrumar tudo. Também percebia que alguns deles ficavam tentando aliciar minhas irmãs, outros até mesmo meus irmãos. Um dia um deles, aparentemente uns 35 - 40 anos, me puxou e me fez sentar no seu colo, normalmente conversou comigo, me deu conselhos e tudo. Não tinha nada de estranho até o dia que ele me pediu pra comprar uns cigarros, quando voltei ele me deu uns trocados e quando fui saindo ele apertou minha bunda. Meu pai já não tinha mais nenhum respeito, me chamava pra dar uma toalha a ele e tava lá nu com o pênis ereto, não sabia se era só comigo mas preferia que fosse. Teve um dia que o cara dos cigarros estava em minha casa com meu pai que me chamou pro quarto. O cara entrou no quarto e me puxou pelo ombro, eu não estava entendendo nada até que meu pai disse "pra não mexer muito no meu c#(ânus) porque senão poderiam perceber" e fechou a porta. O cara se sentou numa cadeira e me fez novamente me sentar no colo dele; perguntou se eu queria ser filho dele, pois gostava muito de mim... Nisso a mão dele já estava por dentro da minha camisa mexendo nos meus mamilos e foi descendo até meu pênis. Me beijava no rosto e tirou minha camisa, eu pedi pra ele parar que isso era errado e eu não era "viado" e ele dizia que era só amor; se eu não tivesse gostando ele ia fazer só um pouquinho e depois ir embora. Colocou meu pênis pra fora e começou a fazer sexo oral em mim enquanto pegava na minha bunda. Pra mim esse foi um dos mais traumáticos abusos pois todo homem sabe que para se excitar só precisa de simples estímulos e meu pênis ficou duro, mesmo sem eu querer, odiando a situação e o pior de tudo foi que ele entendeu que eu estava gostando. Depois de um tempo ele parou e me abraçou, deu um beijo na minha cabeça e disse que depois a gente se via. Desse dia em diante me sentia estranho, era como se as pessoas soubessem só de olhar pra mim, pior seria o que diriam, passei alguns dias sem ir pra escola. E a rotina continuava, surras todo santo dia, queria contar a alguém mas e depois? E se caso não acreditassem? Em outra dessas surras, meu pai dizia que eu era lindo, parecia com ele e apertava meus testículos, dava socos na boca do estômago, me enforcava... A única coisa que me consolava era que estava acontecendo comigo, enquanto ele estivesse comigo minhas irmãs estariam a salvo. Num outro dia depois de um tempão novamente meu pai estava sozinho em casa, me colocou dentro do quarto e fechou a porta, depois de alguns minutos o mesmo cara do cigarro entrou e fechou a porta. Aquele sorriso nojento dele mais nunca saiu da minha cabeça, e sempre no mesmo ritual: sentava, mandava eu me aproximar e me colocava no colo dele. Começava a falar um monte de porcarias enquanto colocava a mão dentro da minha camisa e ia descendo. Tirou a camisa dele e encostou minha cabeça no peito dele e pediu pra eu "mamar os peitinhos dele", eu não queria e não fiz. Ele se levantou e foi conversar com meu pai. Meu pai entrou segurando um cinto e disse pra eu fazer o que ele quisesse, aliás "enfiasse agora a mão na calça dele". O cara então coloca o pênis pra fora e manda manda eu fazer sexo oral. Meu pai do lado coloca o dele pra fora também e começa a se masturbar. O cara do cigarro abaixa a minha calça e começa a mexer no meu ânus, quando ele introduziu o primeiro dedo eu senti tanto nojo que as imagens de todos os abusos começaram e se passar pela minha cabeça, meu pai ejaculando ali perto de mim... Tudo veio na forma de uma bomba, então comecei a vomitar, e vomitava, vomitava tanto que começou a sair só líquido, não desejo essa sensação pra ninguém. O cara então falou pra meu pai que eu tava passando mal e ele disse que era "frescura minha" e começou a me bater com aquele cinto. Me levou pra o outro quarto e disse que se eu ficasse sem comer não teria o que vomitar na próxima vez. Ouvi os dois conversando sobre "ele nem me deu, só pago 20", passei o resto do dia sem comer nada. No outro dia pela manhã, um professor que tinha muita amizade comigo foi em casa e pediu pra me chamarem. Quando viu minha situação quis saber o que tinha acontecido e porquê eu estava faltando tanto às aulas conversando com meu pai. Queria contar tudo mas meu pai muito cínico disse que tinha sido só uma surra. Naquele dia saí com todos sabendo que eu ia pra escola mas entrei num ônibus coletivo e viajei sem rumo algum, parei numa rodoviária no centro da Bahia mas fui interceptado pelo juizado de menores que quis saber porque eu estava viajando sozinho. Contei tudo o que tinha de contar, me pediram um telefone de algum responsável, como eu não sabia nenhum apenas indiquei um endereço que foi o do meu professor. Chegando lá meu pai se apresentou à polícia foi interrogado, fiz todos os exames necessários mas só indicou lesões indicativas de surra e no pênis, ou seja, nada que pudesse incriminar. Meu professor fez de tudo pra que eu pudesse ficar na casa dele mas o juizado me obrigou a ir pra casa. Fiquei alguns dias em minha casa e a violência estava cessada, mas eu já sabia que tinha algo errado. Meu pai todo dia ia na delegacia, não sei fazer o quê, e quando chegava mal comia e logo ia dormir, agora passava mais tempo fora de casa, mas um determinado dia eu cheguei da escola e ele tava cortando o cabelo da minha irmã com um canivete e eu corri pra cima: acabei com um corte no rosto e indo pro quarto sozinho com ele de novo. Tirou toda a minha roupa e começou a me bater com um fio, "vou preso mais antes te mato", e me batia, chutava meus testículos e pisava na minha cabeça. Só parou quando tinha pego um espeto de ferro e dado um golpe nas minhas costas que acabou fazendo um corte enorme, inclusive até hoje, depois de 21 anos, tenho essa cicatriz. Fui dormir todo destruído, de manhã minha irmã me acordou pra eu ir pra escola; no horário do recreio meu professor me puxa pelo braço até o banheiro da sala dos professores, eu achando até estranho e tirou minha camisa que apesar de eu não ter percebido estava toda ensanguentada nas costas, e mandou eu tirar a calça também. Não aguentei toda aquela pressão psicológica e comecei a chorar, a primeira coisa que ele fez depois disso foi me levar a um hospital e depois me levar pra casa dele. Conversou com um advogado e conseguiu contatar o Juizado de Menores novamente, o que eu não entendia era o porquê de estarem relevando tanto com meu pai, não é como hoje que só de uma simples suspeita a fiscalização já cai encima. Nisso meu professor disse que por enquanto cuidaria de mim, mas meu inferno tava muito longe de acabar: sempre que eu estava na casa dele sozinho que ele chegava e eu ouvia o barulho da porta, a cena do quarto com o cara do cigarro remoía minha cabeça novamente, não podia ouvir um barulho de chave que sentia o fio do meu pai novamente e o pior era que eu não conseguia dormir pensando o que ele poderia estar fazendo às minhas irmãs. Consegui relaxar melhor depois que soube que meus irmãos foram morar com uma tia e minhas irmãs foram trabalhar na casa de outra do interior e o meu pai tinha sido preso. Passei anos recebendo apoio psicológico mas (e moral do meu professor), mas tudo era muito péssimo, não conseguia me concentrar na aula queria saber onde meu professor estava, tanto que passei dois meses na casa da mãe dele que me tratou super bem mas me sentia aflito e eufórico quando estava longe dele. Quando ele casou acabou me levando junto eu tinha 15 anos, no início percebia que o casal não ficava à vontade e também eu sentia como se estivesse atrapalhando mas a esposa dele sempre me tratou bem, tanto que no meu aniversário de 16 anos ela organizou uma festa, algo que me tirou muito da depressão que estava, tanto que voltei a ter mais ânimo pra estudar e voltei a tirar ótimas notas além de ter traçado meu principal objetivo de ser perito criminal. Com 18 anos passei em 1º Lugar na Universidade Federal no curso de Farmácia e consegui entrar em projetos de pesquisa, fazendo meu próprio dinheiro e indo morar sozinho afim de amadurecer. Logo antes de eu sair eles estavam esperando o primeiro filho e com certeza não se sentiriam sozinhos. Na universidade também passei por muitas dificuldades afetivas, pois quando estava com alguma menina tinha muitos problemas sexuais e dificilmente continuava. Fiquei um tempo sem conseguir fazer sexo oral pois sempre me vinha aquele sorriso miserável daquele cara, ou então minha ejaculação era muito precoce. Me formei e acabei me mudando pra Brasília pois tinha conseguido um mestrado em Toxicologia Forense. Foi lá que conheci minha esposa, pois foi a única mulher que teve total paciência comigo e me entendeu, porém nunca contei pra ela que fui abusado, ela sempre soube que eu sofria muita violência dentro de casa. Quando ela engravidou dos nossos gêmeos eu tava trabalhando num laboratório e já tinha terminado o mestrado e o melhor de tudo foi que alguns dias atrás eu estava sabendo que tinha passado num concurso público da Polícia Científica do estado, ou seja, alegria em triplo. Com o tempo acabei superando os traumas, o único que ainda não superei é que não consigo olhar uma criança apanhando. Antes eu morria de ódio do meu pai, agora pra mim ele não é nada.

→Numa outra oportunidade com certeza darei um depoimento a respeito do meu filho adotivo e como está nossa vida hoje.

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