Pai é quem mais comete abuso sexual contra crianças
Cláudio Isaias
Um levantamento do Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (Crai) mostra dados assustadores sobre a violência praticada contra crianças e adolescentes em Porto Alegre. Em 2010, a instituição, com sede no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, realizou o atendimento de 1,5 mil jovens vítimas de abuso sexual na Capital. De acordo com Eliane Soares, coordenadora do Crai, o mais impressionante é que 90% dos casos de violência sexual foram praticados pelo pai, seguido pelo padrasto, tios e avôs. "O abusador está dentro de casa agindo contra crianças, na maioria do casos, de cinco a 12 anos", destaca. Segunda ela, 80% dos casos de violência são praticados contra meninas e 20% contra meninos.
De acordo com Eliane, que ontem participou da Jornada Dez Anos Crai -Violência Sexual contra Crianças: Práticas, Intervenções e Perspectivas, realizada no auditório do Ministério Público, as vítimas recebem atendimento médico e psicológico no centro. Também são feitos o registro policial, o exame de corpo de delito e os procedimentos para que a Justiça se encarregue da punição ao agressor. "No caso da violência praticada por um familiar, ele terá que ser afastado do convívio com a criança", acrescenta. Dos casos de violência atendidos no Crai, 71% são de Porto Alegre, 21% da Região Metropolitana e 8% do Interior, recomendados pelas prefeituras.
Durante o encontro, a delegada do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), Eliete Matias Rodrigues, apelou para que a comunidade gaúcha denuncie os casos de violência contra crianças e adolescentes. Segundo ela, as pessoas devem ficar atentas às seguintes mudanças de comportamento dos jovens: tristeza, agressividade, isolamento e indícios de atraso significativo no desenvolvimento. As denúncias de abuso sexual infantil devem ser encaminhadas para o Disque 100 ou para o número 0800.6426400.
A professora do curso de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) Lilian Milnitsky Stein explica que o abuso sexual não tem classe social. "O que percebemos é uma violência maior contra crianças das camadas mais pobres porque neste contexto as relações são menos veladas", explica.
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Adicionado por Carlos José e Silva Fortes
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