Fomos absolvidos no caso Isabella |
31/03/2010 05:03:05 - A Gazeta - MT |
Quando houve o assassinato, há dois anos, tentei não ler sobre a morte de Isabella. Também evitei, na época, os detalhes da morte do menino João Helio na minha profissão há que selecionar horrores. Mas não consegui. Vi o desfecho do caso da menina e também sofri (sofremos) para entender o mal incompreensível. Se deixarmos, dentro em pouco teremos uma pele de rinoceronte em nossa alma; com o coração mais duro, ficaremos cínicos, mais passivos diante da crueldade.
Há uma indução surda à insensibilidade. Como entender que um pai e uma madrasta O psicopata não se responsabiliza por suas ações; sempre se acha ino cente ou "vitima" do mundo, do qual tem de se vingar. Em geral, não delira. Suas ações
mais absurdas são justificadas como "lógicas", naturais, já que o "outro" não Com a condenação dos assassinos, respiramos aliviados, perdoados, purificados porque, como disse uma vez o filosofo Oswaldo Giacoia Jr: "O insuportável não é
só a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido." E também por alguns dias ou semanas, esqueceremos a injustiça geral que nos cerca , tanto nos crimes comuns não punidos quanto na política da mentira e do
ataque à sociedade. Mas, mesmo com a condenação, muitas pessoas ficaram com um A crueldade cresce acima de qualquer codificação jurídica. Vivemos trancados num racionalismo impotente diante do bucho indomável da crueldade sem fim.
Lamentamos uma harmonia ainda inexistente e almejamos que ela seja alcançada. O arcaísmo da Justiça é visível na barbárie que galopa nas periferias. O Elias Maluco, aquele que matou o Tim Lopes com golpes de espada, estava em
"liberdade condicional", pois a lei concede isso ao "cidadão". Que cidadão? A Por outro lado, nos assassinos de classe media, percebe-se o prazer perverso de fazer o "inominável". Lembram da pobre mulher que foi espancada quase à
morte, porque alguns "pit-boys" acharam que era "só" uma prostituta? E os índios Qual será o nome dessa coisa informe que o século 21 está gerando? A cada dia acordamos e perguntamos: "Quantos cadáveres hoje, explodidos ou assassinados, na
guerra e na paz?" Não se trata mais de uma perversão do "humano", mas de uma E, por fim, por que tantos crimes contra as crianças? As balas perdidas parecem procurar crianças, alvo de crimes hediondos. O caso do João Helio,
crianças decapitadas na Febem, crianças jogadas em pântano em Minas, crianças no As crianças são fontes inconscientes de terror, de Herodes a Édipo e Moisés. O rei Agamenon matou sua filha Ifigênia para ter tempo bom em uma guerra. Que
dizem os antropólogos sobre esta matança de inocentes? Em sociedades primitivas, A atração que a beleza, a fragilidade e a inocência das crianças exerce sobre nós desorienta-nos entre o amor e o ódio e nos traz fantasias de extinção. Sua
pureza nos desconcerta e enlouquec e. O caso Isabella terminou. Deu-nos uma |
Adicionado por Carlos José e Silva Fortes
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