'Prestem atenção nos seus filhos', alerta Carlos Fortes, Promotor de Justiça e autor do livro 'Todos contra a pedofilia'.

VEJA A REPORTAGEM COMPLETA E O VÍDEO EM: https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/promotor-de-mg-que-tem...

Um dos idealizadores da campanha nacional "Todos contra a pedofilia" e aut..., o promotor da Vara da Infância e Juventude de Divinópolis, Carlos José Fortes, falou ao G1 nesta quarta-feira (21) sobre prevenção à violência sexual contra crianças. (Veja vídeo acima)

O tema pedofilia foi mostrado nesta terça-feira (20) na novela da Rede Globo "O outro lado do paraíso", quando o delegado V.... Na história, Lorena, mãe de uma das vítimas, Laura, duvidou da história contada pela filha. No tribunal, soube a verdade. Vinicius acabou confessando o crime e foi condenado.

“Prestem atenção nos seus filhos. Olhem para eles, para a vida deles. Cuidem deles, que você estará cuidando do mundo todo”, alerta o promotor, conhecido como Casé.

Desde 2008, quando foi lançada a campanha nacional de combate à pedofilia, o promotor percorre todo o país e o exterior para falar sobre o assunto. Segundo Casé, a dificuldade maior nos casos de pedofilia é com relação aos familiares denunciarem.

"Na novela, se tratou de uma das facetas mais graves da pedofilia, que é o abuso sexual. Nesta área, temos este problema grave porque quem abusa de crianças são pessoas próximas. A criança não tem convivência com muita gente. Ela convive com quem está dentro da casa dela ou, no máximo, na escola", destacou.

Cena da novela 'O outro lado do paraíso' em que o personagem Vinicius é julgado pelo crime de abuso sexual (Foto: Reprodução/TV Globo)

Cena da novela 'O outro lado do paraíso' em que o personagem Vinicius é julgado pelo crime de abuso sexual (Foto: Reprodução/TV Globo

Quando se trata de pessoas próximas do convívio familiar, diz o promotor, os pais tendem a não acreditar que elas estão envolvidas neste crime.

"Tem mãe que não acredita quando descobre por amor ao companheiro. Há mães que descobrem e se omitem, por covardia ou por interesse financeiro, e essa é criminosa também", apontou.

"A vítima sempre tem necessidade em falar. Podem demorar cinco, 10, 15 anos, mas ela sempre vai ter a necessidade de falar, como foi o caso da Xuxa, que contou sobre os abusos que sofreu quando ela já...", observou o promotor.

Indícios

Casé destaca que é necessário que os pais ou responsáveis fiquem atentos aos sinais apresentados pelas crianças, como um ferimento no órgão genital e desenhos que podem indicar a existência de abuso. O comportamento sexualizado precoce da criança também é considerado um sinal.

"Ela falar e brincar com coisas que não são compatíveis com o conhecimento sexual para a idade dela. Tivemos um caso de uma criança que estava em um local de acolhimento de Divinópolis que tratava as outras crianças de forma sexualizada. Isso demonstra que ela está tendo uma exposição precoce ao sexo. A criança imita. Ela estava imitando o que faziam com ela em casa."

Na trama das 21h da Rede Globo, Casé destaca um sinal que era notado desde o começo, que é o ciúme exagerado do padrasto com a enteada. De acordo com ele, essa é uma das características que devem ser observadas. "No meu livro, eu abordo sobre isso. Prestando atenção, a gente percebe os indícios."

Impunidade

Para o promotor, os casos de pedofilia não estão aumentando, mas sim ganhando visibilidade. A Campanha "Todos contra a pedofilia" completa 10 anos em 2018.

"As pessoas estão ficando mais encorajadas a cada dia a falar sobre isso. As denúncias cresceram e vimos a conscientização das pessoas em falar a respeito do assunto, denunciar. São necessárias a prevenção e também a punição dos culpados."

A prova material contra o acusado é muito importante, destaca o promotor, mas há casos em que não existem marcas físicas. "O estupro pode ter acontecido há um mês ou 10 anos e não tem mais prova material, mas ainda assim é um crime. A marca física é importante, mas não é imprescindível."

Casé diz que a cultura da impunidade no Brasil existe, mas ele acredita que o cenário está mudando.

"A nossa lei infelizmente dá muita chance para bandido. Sou promotor há 27 anos e eu luto todo dia contra esta impunidade. O povo está deixando de ser bobo, cobrando mais e aumentando as condenações deste crime. Isso é uma grande evolução. A gente ainda tem um longo caminho a percorrer, mas estamos caminhando", declarou.

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